Mais de 6 milhões de mulheres negras são responsáveis por suas famílias no Nordeste. Nesta reportagem especial, as histórias de 4 delas são o fio condutor do debate sobre os desafios e os caminhos possíveis para sistemas alimentares sustentáveis no Brasil.
No Nordeste, 45% das famílias são chefiadas por mulheres. Dessas, 77% são chefiadas por mulheres negras.
Os níveis de insegurança alimentar entre as famílias chefiadas por mulheres negras no Nordeste são superiores à média nacional
Em média, mais da metade das calorias consumidas no Norte e no Nordeste vem de alimentos minimamente processados ou in natura. No Nordeste, a cesta é mais variada que no Norte quando se trata desse tipo de alimento.
Que fatores atravessam a aquisição, o preparo e o consumo de alimentos para essas mulheres? Como as perspectivas de gênero e raça impactam no cotidiano de cuidados com a casa, com a família e no acesso ao alimento?
Escolha uma das
histórias para começar
GERCINA
“Eu estou sempre comendo as coisas que produzo na terra e isso tudo é bom para minha saúde. Porque quem vai comprar na rua, compra cheio de agrotóxico e a [comida] que eu planto não tem nada disso”
CLAUDECIR
“A correria do dia a dia não me permite me alimentar muito bem. Eu como muita besteira. Não sou muito fã de fruta, que é coisa saudável.”
CONCEIÇÃO
“Se não fossem as doações que eu recebo, a alimentação ia ficar mais fraca ainda. É através delas que vêm o feijão, um pacotinho de leite, umas bolachinhas, que não dá para eu comprar”
LINDALVA
“ Eu não vou fazer comida para mim sozinha [no trabalho como doméstica], eu como lá qualquer coisa , às vezes faço um sanduíche, como uma tapioca’