Lindalva Severina dos Santos é uma mulher negra de 52 anos. Vive com João, seu marido, no bairro Aldeia, em Camaragibe, município da Região Metropolitana de Recife.
Lindalva e o marido têm dois filhos, um homem e uma mulher. O filho e a neta moram no mesmo terreno que ela e a criança passa as tardes em sua casa.
Há oito anos, Lindalva convive com a diabetes, mas há dois anos a condição moldou sua forma de se alimentar. Por prescrição médica, ela segue à risca uma dieta composta por alimentos in natura, muito reduzida em produtos refinados e gorduras.
Além da alimentação, ela tem um estilo de vida saudável. A bicicleta é seu principal meio de transporte e ela frequenta a ginástica do bairro duas vezes por semana.
Lindalva é trabalhadora doméstica há 35 anos, mas só teve a carteira assinada por 23 deles. A sua jornada de trabalho é dividida entre duas casas, que limpa em dias alternados.
Cerca de 3 em cada 4 famílias chefiadas por trabalhadoras domésticas negras do Nordeste estão em algum nível de insegurança alimentar
O expediente nas duas casas é realizado com o mesmo vínculo empregatício, pelo qual recebe apenas um salário mínimo no total. Seu marido é pedreiro e só recebe quando está trabalhando em uma obra. Quando ele não trabalha, todas as despesas da casa saem do bolso de Lindalva.
a renda de lindalva corresponde a 55% da renda familiar
Durante a semana, Lindalva almoça no trabalho. Duas vezes por semana, almoça com o patrão em um restaurante. Nos outros dias, se estiver só, come sanduíche, cuscuz ou algo rápido.
Lindalva faz uma compra mensal de alimentos industrializados em um supermercado atacadista que fica a uma hora de sua casa.
Produtos frescos, como frutas, verduras e legumes, são adquiridos três vezes por semana em um mercadinho localizado a 10 minutos da casa
Acompanhamos a alimentação de Lindalva por uma semana.
Em sete dias, Lindalva consumiu:
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refeições
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Exemplo de como Lindalva se alimentou naquela semana.
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histórias para começar
GERCINA
“Eu estou sempre comendo as coisas que produzo na terra e isso tudo é bom para minha saúde. Porque quem vai comprar na rua, compra cheio de agrotóxico e a [comida] que eu planto não tem nada disso”
CLAUDECIR
“A correria do dia a dia não me permite me alimentar muito bem. Eu como muita besteira. Não sou muito fã de fruta, que é coisa saudável.”
CONCEIÇÃO
“Se não fossem as doações que eu recebo, a alimentação ia ficar mais fraca ainda. É através delas que vêm o feijão, um pacotinho de leite, umas bolachinhas, que não dá para eu comprar”
LINDALVA
“ Eu não vou fazer comida para mim sozinha [no trabalho como doméstica], eu como lá qualquer coisa , às vezes faço um sanduíche, como uma tapioca’